segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O frio

Lá fora está um frio gélido, sente-se um vento cortante que atravessa o corpo daqueles que se aventuram na escuridão. Olho para o céu, as estrelas brilham perante o olhar da lua, o silencio é gritante. Olho para corpos frios e imagino se também as suas almas são assim... Tento imaginar o que lhes vai na alma e no coração!
Será que o seu coração está quente e confortável? Será que transborda de emoções e sentimentos?
Vejo olhares que não mentem, corpos enrolados em roupas quentes, numa tentativa de enganar os sentimentos da natureza. O frio mantém-se na escuridão, as estrelas procuram confortar com um pouco de calor o céu e cá em baixo, pessoas aninham-se em corpos despidos de calor. O frio que sentem nos seus corpos não é igual ao frio que sentem no coração. Corações gélidos, desprovidos de sentimentos e emoções. Corações que não se deixam levar por sentimentos, corações com medo de possiveis mágoas e tristezas... Mas não estarão esses corações já assim? Tristes e amargurados? Será que o medo de arriscar, de amar, de querer, é mais forte que o sentimento maior que ele tem? Aquele sentimento com um significado que ninguem consegue explicar, aquela coisa que nos faz sorrir, chorar, correr, ajudar... Aquele sentimento que nos faz querer algo, querer o bem, aquilo que nos faz viver!!!
Mas há pessoas como hoje... Frias, tristes, pessoas que se enroscam em roupas e mais roupas, assim como os seus corações que se escondem do mundo e não prestam atenção a quem os quer ver sorrir.
Sente-se o medo que têm do frio, fecham-se com medo de perder, medo de falhar, medo de existir! De que serve uma vida sem o risco? De que serve chegar a velho e não ter lembranças que nos façam sorrir? É certo que nem tudo corre bem, mas não te faz sorrir quando olhas para trás e recordas bons momentos?
Não te arrepias quando lembras aqueles momentos quentes e apaixonados? Ou preferes recordar aquilo que não viveste e chegar à conclusão que o teu coração está mais uma vez como esta noite... Fria! E que fria foi sempre a tua vida... Porque assim quiseste e não porque assim o desejaste.

A tua vida não tem que ser como esta noite... Basta deixares que alguém te aqueça aquilo que teima em esfriar!

De volta

Tenho sido acusado de já há algum tempo não escrever nada da minha autoria aqui no meu cantinho. Ultimamente apenas vídeos e textos com direitos de autor têm entrado aqui, mas acreditem que não è por por mal. A razão pela qual não tenho escrito nada é apenas porque não tenho tido tempo e cabeça.
A imaginação não me tem acompanhado ultimamente apesar de ter muita coisa para escrever. É hora de soltar as palavras que tenho cá dentro...

Viagens

Já vai alta a noite, vejo o negro do céu,
deitado na areia, o teu corpo e o meu.
Viajo com as mãos por entre as montanhas e os rios,
e sinto nos meus lábios os teus doces e frios.
E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou",
olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo,
olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo,
eu não tenho nada mais p'ra te dar,
esta vida são dois dias,
e um é para acordar,
das histórias de encantar,
das histórias de encantar.
Viagens que se perdem no tempo,
viagens sem princípio nem fim,
beijos entregues ao vento,
e amor em mares de cetim.
Gestos que riscam o ar,
e olhares que trazem solidão,
pedras e praias e o céu a bailar,
e os corpos que fogem do chão.

Pedro Abrunhosa